Moody’s e Fitch apontam menos ameaças à economia

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A reforma da Previdência é apontada como fundamental pelas agências de risco

SÃO PAULO. Após uma semana turbulenta no cenário político, com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, duas das principais agências de classificação de risco acenaram na segunda-feira (9) com notícias positivas para a economia brasileira. A Moody’s revisou a perspectiva da nota do país de negativa para estável, o que reduz a chance de novo rebaixamento do status de crédito no curto prazo. A nota atual na Moody’s é “a2”, dois degraus abaixo do grau de investimento. Já Fitch foi mais além e afirmou que o país poderá voltar no longo prazo ao grau de investimento.

Segundo a Moody’s “os riscos negativos para o crescimento e as incertezas relacionadas ao ímpeto para reformas, que levaram à atribuição da perspectiva negativa para o rating Ba2 em maio do ano passado, diminuíram”.

A agência lista dois fatores para a mudança da perspectiva da nota. A primeira, é a expectativa de que reformas para preservar a sustentabilidade fiscal e estabilizar a dívida no médio prazo serão aprovadas pelo próximo governo.

A segunda é a perspectiva de crescimento econômico mais forte que o esperado no curto e médio prazos, sustentado por reformas estruturais prévias, que, na análise da agência, dará suporte aos esforços de consolidação fiscal.

No comunicado, a agência diz esperar que após a eleição presidencial, em outubro, o governo eleito retome esforços para aprovar reformas fiscais e destaca a da Previdência Social.

Firme. Na avaliação da Fitch, o Brasil está firmemente posicionado na categoria “duplo B” com perspectiva estável, e não está exposto à volatilidade externa e apresentou melhoras do ponto de vista da demanda doméstica.

“O caminho do Brasil ao retorno do grau de investimento será longo, mas poderia ser acelerado com consolidação fiscal, estabilização do endividamento e um ambiente de atração de investimento, crescimento e ainda um ambiente mais estável do lado político”, afirmou o head Latam da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Peter Shaw, durante o Summit Imobiliário Brasil 2018, promovido pelo “Grupo Estado”.

O tempo que cada país leva para retomar o grau de investimento, contudo, varia, de acordo com Shaw. Em média, mais de 50% dos países rebaixados pela Fitch, segundo ele, nas últimas duas décadas conseguiram recuperar o selo de “bom pagador”.

“Demorou em média seis anos, mas há uma variedade de prazo. Enquanto a Malásia e Coreia do Sul demoraram menos de um ano, países que sofreram com crises cambiais demoraram mais como a Colômbia, que levou 11 anos, e a Indonésia, 14 anos”, explicou. Ele lembrou ainda sobre o rebaixamento ocorrido em fevereiro, que o Brasil foi o único dos países emergentes que perdeu o selo de bom pagador.

Reformas

Rating. A agência Moody’s afirmou nesta segunda-feira que o rating do Brasil pode ser elevado se novas reformas estruturais, que sustentariam taxas de crescimento mais elevadas, forem aprovadas.