Lira quer restringir atuação da Receita na gestão de regras fiscais
O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), quer restringir a atuação da Receita Federal na regulamentação de leis tributárias aprovadas pelo Congresso. Em live organizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Lira disse que, com as mudanças previstas na reforma tributária, o Fisco não poderá mais regulamentar as leis e soltar resoluções para a sua aplicação.
No evento, Lira antecipou que o governo enviará na próxima semana ao Congresso projeto que altera o Imposto de Renda das empresas e das pessoas físicas.
"A Receita não pode, não vai continuar com o poder de regulamentar, de soltar resoluções que fiquem legislando em cima da nossa legislação tributária, que é muito mais difícil", disse. Segundo Lira, o Fisco não pode criar um código com "2 mil, 3 mil resoluções a cada ano, para enlouquecer o contribuinte, e, depois de pagar, não ter certeza se vai ser autuado ou não, porque a próxima resolução vai alterar esse quadro".
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Lira já conversou com o secretário da Receita, José Tostes. Ele quer que a Receita seja fiel ao que a legislação diz. Procurados, o Ministério da Economia e a Receita não quiserem comentar. A fala do presidente da Câmara, porém, foi recebida com um sinal de perigo e preocupação por auditores do órgão em Brasília, já que a proposta tem ganhado força no momento em que o Congresso discute a reforma tributária.
Na área de fiscalização, a percepção é que haveria um "antilavajatismo" nesse movimento na Câmara, que tem muitos deputados adeptos, para limitar a atuação da Receita.
Na semana passada, o presidente da Frente Parlamentar Mista de Reforma Tributária, deputado Luis Miranda (DEM-DF), disse ao Estadão/Broadcast que o Brasil tem hoje um manicômio tributário e terá de resolver o problema de a Receita Federal criar "normativas e legislar". "A Receita tem de fiscalizar e cobrar. Não pode ter entendimento", disse Miranda, cotado para assumir uma das relatorias da reforma tributária.
O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco), Kleber Cabral, disse que essa proposta é impossível de ser implementada, já que todos os órgãos têm o poder e o dever de fazer a regulamentação das leis aprovadas nas suas áreas. "Não existe isso de ficar impedido de regulamentar. Imagina proibir a Receita de escrever portarias, instrução normativas e soluções de consulta", afirmou.
O presidente da Associação Nacional dos Auditores da Receita (Unafisco), Mauro Silva, avaliou que uma medida como quer Lira poderá ser um "tiro no pé" e aumentar a insegurança jurídica. Sem uma uniformidade de interpretação, os auditores poderiam passar a escolher a interpretação, entre várias, para a aplicação da lei. "Vamos dizer que tenha uma, duas, três formas de interpretar a norma, isso acontece. É preferível que o Fisco tenha uma orientação única", disse. "Não tem como não ter interpretação da lei."
Imposto de Renda
Lira disse que espera o envio do projeto que irá tratar de mudanças no Imposto de Renda, para poder definir quais deputados irão tocar esse tema, e a proposta que cria a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A CBS deve reunir o PIS e a Cofins, tributos que incidem sobre o consumo.
"Foi postergado para a próxima quarta-feira. Ainda precisamos de ajustes entre Casa Civil, Ministério da Economia e Presidente da República", afirmou Lira.
STF inicia julgamento sobre validade de acordos coletivos de trabalho
A sessão foi suspensa e a data para retomada será marcada por Fux
Publicado em 17/06/2021 - 19:20 Por André Richter - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a decidir hoje (17) sobre a validade das normas coletivas de trabalho. A Corte julga a legalidade da chamada ultratividade dos acordos e convenções.
Na sessão desta tarde, os ministros ouviram as sustentações orais de sindicatos e entidades de trabalhadores. Após a exposição dos argumentos dos advogados, a sessão foi suspensa e uma data para retomada do julgamento será marcada pelo presidente da Corte, ministro Luiz Fux. Em 1º de julho, o STF entrará em recesso de trinta dias, e a pauta de julgamentos para as próximas semanas está definida.
No julgamento, os ministros devem definir se direitos definidos em acordos e convenções coletivas têm validade de dois anos ou só podem ser modificados por meio de um novo acordo.
A discussão está em torno da Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Histórico
Em 2012, o TST definiu que as normas coletivas têm ultratividade, ou seja, somente podem ser alteradas a partir de um novo acordo entre as empresas e os trabalhadores.
Em 2016, o ministro Gilmar Mendes atendeu ao pedido liminar feito pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) e suspendeu os processos que tratam da questão na Justiça do Trabalho até que o STF defina a questão.
Em 2017, a reforma trabalhista impediu a ultratividade dos acordos. Pelo artigo 614, ficou definido que “não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.
Defesa da ultratividade
Durante o julgamento, o advogado da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria Quimica (CNTQ), José Eymard Loguercio, defendeu a ultratividade dos acordos e afirmou que a regra cria segurança jurídica.
“O que ocorre quando não se tem a ultratividade? Em cada data-base, as categorias precisam retomar a negociação do patamar zero, ou seja, o aumento da conflitualidade” afirmou.
Para a advogada Zilmara David de Alencar, representante de diversos sindicatos e confederações de trabalhadores, a ultratividade é essencial para a pacificação de conflitos. Segundo Zilmara, os direitos só podem ser modificados por um novo acordo.
“Nós estamos falando de uma relação emprego onde um determinado direito ou uma determinada obrigação foi instituída e considerada, e que não pode, por um determinado lapso temporal, ser retirada daquela relação que estabeleceu sem que também seja fruto de uma negociação coletiva”, argumentou.
Edição: Claudia Felczak
Operação da Receita Estadual busca recuperar R$ 12 milhões em sonegação de ICMS no setor de material de construção
A Receita Estadual deflagrou, nesta quarta-feira (16/6), mais uma operação ostensiva de fiscalização para combater a sonegação de ICMS e a concorrência desleal entre empresas. A ação tem como alvo três empresas do setor de materiais de construção, do segmento de obras de concreto, que atuam na região da Serra. O valor devido e não recolhido aos cofres públicos é estimado em R$ 12 milhões.
Os trabalhos se iniciaram com base em indícios de irregularidades verificados a partir de ferramentas que permitem observar o comportamento individual de empresas no recolhimento de ICMS, com visão regionalizada, por segmento econômico e por atividade econômica. A partir do cruzamento dos dados e das análises, os indícios passaram a ser apurados mediante trabalhos de auditoria fiscal que, neste caso, culminaram na operação deflagrada pelo fisco gaúcho.
A atuação ostensiva é coordenada pela Delegacia da Receita Estadual em Caxias do Sul (3ª DRE) e conta com a participação de três auditores fiscais, três técnicos tributários e apoio da Brigada Militar, tendo como propósito a busca e apreensão de provas e documentos para subsidiar a continuidade dos trabalhos de auditoria fiscal.
Considerando a pandemia da Covid-19 e prezando pela saúde e segurança dos envolvidos, a operação segue os protocolos estabelecidos pelo governo do Estado e pela Secretaria Estadual da Saúde.
Operações ao longo do ano
Por meio das operações deflagradas, a Receita Estadual intensifica a atuação em diversos ramos da economia, tendo programadas, para os próximos meses, outras operações neste e em outros setores econômicos.
Além de buscar recuperar os valores devidos aos cofres públicos e combater a sonegação, as ações promovidas pelo fisco buscam proteger os contribuintes que pagam corretamente seus tributos e coibir a concorrência desleal entre empresas.
Texto: Ascom Sefaz/Receita Estadual
Receita Federal x artistas da Globo: Sócios e imóveis entram na mira de investigação
Após fiscalizar e multar um grupo de artistas, diretores e autores que prestaram serviços para a Globo, a Receita Federal deu um novo passo no processo que apura os contratos PJ (pessoa jurídica) feitos pela emissora nos últimos anos. O Notícias da TV apurou que o órgão do governo federal começou a investigar familiares que são sócios dessas pessoas, além de questionar valores declarados de bens imóveis.
Esse é um novo passo da devassa que começou a ser feita em janeiro do ano passado. Depois de fiscalizar os atores na pessoa física (CPF), a Receita começou a apurar os ganhos na pessoa jurídica (CNPJ).
De acordo com o advogado tributarista Leonardo Pietro Antonelli, que representa a maior parte das celebridades nessa ação, existe uma prática “mais comum do que se imagina” nesse setor: o artista ter um familiar que participa como sócio da empresa. Ele explica:
Há casos em que a irmã, a mãe, o tio, a mulher ou marido integram as sociedades (leia-se: empresas dos atores). O mercado funciona ‘baseado’ numa confiança que o artista vai se desenvolvendo e progredindo na carreira ao longo dos anos, e aquele ‘time’ o acompanhando. Então, a partir do momento em que se inicia uma fiscalização da empresa, naturalmente a participação nos resultados dos sócios poderá ser investigada. Mas não por ser familiar de um ator e, sim, por ser sócio, muitas vezes gerente, da empresa. É assim aqui e no mundo.
Inicialmente, a Receita fez uma fiscalização na relação de emprego entre ator e emissora. A defesa mantém sob sigilo os nomes de quem já recebeu as notificações de pagamento, mas na lista de investigados estão celebridades como Deborah Secco, Reynaldo Gianecchini, Malvino Salvador e Maria Fernanda Cândido.
Também são investigados autores, diretores e jornalistas. Em abril, o colunista Ricardo Feltrin, do UOL, antecipou com exclusividade que o âncora William Bonner e outros 20 profissionais que prestam serviços para a Globo foram autuados. A líder de audiência é o principal alvo da operação contra a “pejotização”, que também já atingiu profissionais de Record, SBT e CNN.
Uma das atrizes da Globo chegou a ser multada em R$ 10 milhões. A defesa tem tentado reverter a necessidade desse pagamento. Antonelli considera o entendimento do órgão como confisco tributário.
“A discussão travada pela Receita é de que o artista estaria usando uma empresa (pessoa jurídica) para economizar o imposto de renda de 27,5%. Mas as empresas dos atores ofereceram à tributação de todas as suas receitas: pagaram PIS, Cofins, Imposto de Renda Pessoa Jurídica e contribuição sobre o lucro, ISS que, juntos, podem chegar a 20%. Então, com todo o respeito à Receita Federal, entendemos que todos os tributos devidos já foram pagos na pessoa jurídica. Cobrar tudo de novo na [pessoa] física é estar cobrando duas vezes pelo mesmo serviço”, aponta o tributarista.
Investigação de patrimônio
Nessa nova etapa da investigação, a Receita ampliou a fiscalização para os bens adquiridos pelos sócios: atores e familiares. Um dos questionamentos do órgão do governo federal é sobre a diferença do valor declarado do imóvel em relação ao preço de mercado. Essa é uma maneira de identificar se o patrimônio do artista é compatível ao que ele informou que recebeu ou se houve algum tipo de sonegação.
“Inexiste correlação entre a relação de trabalho do ator com a emissora e o patrimônio adquirido. Aqui não há dúvidas de que o serviço foi prestado, não há nada simulado, é tudo público e notório, confirmável via Globoplay. Ademais, por uma (mais uma) distorção do sistema tributário brasileiro, os imóveis adquiridos por todo e qualquer contribuinte não sofrem reavaliação (não há correção monetária do valor declarado originalmente no Imposto de Renda). Então, a depender da data da compra, evidentemente estará desatualizado”, justifica Leonardo Antonelli.
De acordo com a lei, não há como atualizar na declaração de Imposto de Renda o preço do imóvel conforme a variação de mercado, a não ser em casos de grandes reformas. Ou seja, se uma pessoa declarou um apartamento de R$ 100 mil em 1995 e não fez mudanças significativas, ele continua valendo R$ 100 mil no IR, apesar dos mais de 500% de inflação no período.
Por conta dessa defasagem, os proprietários de imóveis precisam pagar ao “Leão”, no momento da venda, pelo menos 15% de imposto sobre o ganho de capital. O Legislativo tem discutido uma mudança na lei, algo que é defendido pelo advogado tributarista.
“No Brasil, o rico não paga tributos. Cria-se uma off-shore (empresa num paraíso fiscal, legalmente declarada e que todos os bancos brasileiros oferecem no private) e/ou se abre um fundo de investimentos. A lei, nesses e outros casos, não exige o pagamento de nenhum tributo! Repito: não há pagamento de tributos”, diz ele, que complementa:
Outro exemplo: pagou seu IPVA (Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores) anual sobre o seu carro? Se fosse barco, avião ou helicóptero, apesar de ser automotor, não seria cobrado. E, no final do dia, o ator que trabalhou e recolheu os seus tributos é o culpado. Culpado e, talvez, condenado criminalmente por fraude e sonegação fiscal, tendo em vista a representação penal oferecida pela Receita ao Ministério Público. São por essas razões que seguimos firmes e confiantes de que, ao final, serão canceladas as diversas cobranças.
A Globo, que nos últimos anos passou a trocar contratos de jornalistas, executivos e apresentadores de PJ para CLT, diz que os seus acordos são legais e que todos os impostos são pagos.
“Todas as formas de contratação praticadas pela Globo estão dentro da lei, e todos os impostos incidentes são pagos regularmente. Assim como qualquer empresa, a Globo e as empresas que lhe prestam serviços são passíveis de fiscalizações, tendo garantido por lei também o direito de questionar, em sua defesa, possíveis cobranças indevidas do fisco”, sustenta a emissora, em nota.
Em agosto do ano passado, a Receita Federal explicou à reportagem que fiscaliza a chamada “pejotização” em inúmeros setores econômicos, mas que não poderia detalhar as ações em razão do sigilo fiscal.
Cristiano Ronaldo recomenda beber água e não Coca-Cola, e marca perde US$ 2,6 bi
O superastro do futebol Cristiano Ronaldo causou sensação no Twitter com um vídeo em que aparece escondendo duas garrafas de Coca-Cola, que estavam em cima da mesa à sua frente, antes do início da coletiva sobre o jogo Portugal e Hungria da Eurocopa, na segunda-feira (14).
A questão é que a marca de bebida é patrocinadora do campeonato. Não é de se estranhar que as ações da Coca-Cola fecharam em baixa, na segunda-feira. Com recuo, o valor de mercado da marca despencou US$ 2,63 bilhões. Nesta terça-feira, os papéis voltaram a cair, apesar da divulgação de um relatório do banco Credit Suisse indicando que o preço-alvo dos papéis passou de US$ 60 para US$ 62. O recuo de 0,25% das ações representa uma perda de outros US$ 210 milhões de valor de mercado.
O jogador apelidado de CR7 não apenas tentou manter a Coca-Cola longe do alcance das câmeras como também passou uma mensagem para a mídia e seus fãs. "Bebam água, não Coca [Coca-Cola]", disse Ronaldo, enquanto segurava uma garrafa de água mineral, de acordo com o site Doentes por Futebol.
Para o jornal espanhol Marca, o comportamento de Ronaldo na entrevista coletiva foi algo negativo. Questionou, inclusive, se a atitude provocaria uma reação da Eurocopa, uma vez que a Coca-Cola é patrocinadora do campeonato.
É bom lembrar que Ronaldo é conhecido por se opor aos refrigerantes e bebidas gaseificadas e por defender alimentação saudável sem muito açúcar, gorduras e frituras.
Portugal e Hungria jogam a primeira partida do Grupo F, no Estádio Puskas, nesta terça-feira (15).
Pacheco sinaliza votação do novo Refis e Lira diz que vai debater IR com equipe econômica
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), incluir na pauta de votação da Casa o projeto de regularização tributária, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que se reuniria com líderes partidários e com a equipe econômica para discutir as mudanças no Imposto de Renda.
Em uma rede social, Lira disse que até o fim desta semana serão definidos os "relatores da reforma tributária que irá tramitar na Câmara". O deputado afirmou ter conversado com Pacheco para que "os relatores nas duas Casas sejam definidos simultaneamente", de forma que a análise dos projetos comece ao mesmo tempo.
"Ainda no âmbito da reforma tributária, tenho reuniões esta semana com os líderes e com integrantes da equipe econômica sobre as questões relativas ao imposto de renda", informou.
A sinalização ocorreu depois de Pacheco incluir na pauta de quinta-feira (17) o novo Refis, projeto de regularização tributária relatado pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). A proposta reabre o prazo de adesão ao Pert (Programa Especial de Regularização Tributária)
Em entrevista ao Portal Jota na manhã desta segunda, o presidente do Senado foi questionado sobre como ajudar setores mais afetados pela pandemia. Ele afirmou que a própria "reforma tributária poderá identificar esses setores" e ter uma programação para minimizar os impactos desses segmentos.
"Essa lei do Refis, que é um projeto até de minha autoria, que eu reconheço que eu não havia considerado e cogitado essa discriminação, eu havia proposto originalmente uma reabertura do Pert, mas que eu sei que o senador Fernando Bezerra Coelho, que é o relator, tem proposto uma definição daqueles setores que com maior perda de faturamento tenham melhores condições de pagar as suas dívidas tributárias", disse.
"Eu acho que são essas iniciativas que nós podemos e devemos fazer para poder salvar todos esses setores da economia."
A reforma tributária proposta pelo governo será moderada, indicou o próprio ministro Paulo Guedes (Economia). Mesmo defendendo uma reforma ampla, com desoneração da folha de salários, ele ponderou que agora não é o momento e que o governo fará o que é possível.
A expectativa é que seja votado o projeto que cria a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), enviado pelo governo em setembro do ano passado e que começa a tramitar pela Câmara.
No Imposto de Renda, a única mudança possível deve ser um aumento da faixa de isenção dos atuais R$ 1.903,98 para um patamar abaixo de R$ 3.000. O formato em estudo prevê isenção do imposto para rendas mensais de até R$ 2.500.
A Economia vai propor mudança de tributação sobre investimentos. Aplicações que hoje são isentas, como LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), passarão a ser taxadas.
Como antecipou o jornal Folha de S.Paulo, alíquotas do IR sobre investimentos em renda fixa devem ser unificadas em 15% --hoje a cobrança varia de 15% a 22,5% a depender do período de aplicação.
No plano considerado ideal pelo ministro, o imposto aos moldes da extinta CPMF poderia ser usado para compensar a perda de receita com a redução de outros tributos.
Sem a arrecadação anual de R$ 120 bilhões estimada para o novo imposto, a equipe econômica afirma que não será possível fazer a redução de encargos trabalhistas e outras reduções de alíquotas.
Também devem ficar de fora da proposta do governo um corte mais intenso no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e uma redução das alíquotas do Imposto de Renda da pessoa física.
Empresa não precisa incluir PIS e Cofins nas suas próprias bases de cálculo
O entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal segundo o qual o ICMS, por não compor o faturamento ou a receita bruta das empresas, deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da Cofins, também deve ser aplicado em relação à inclusão da contribuição a esses tributos em suas próprias bases de cálculo.
Esse foi o entendimento aplicado pelo juízo da 11ª Vara Cível Federal de São Paulo, que concedeu a segurança pleiteada por uma empresa de alimentos para reconhecer o direito de não incluir o valor da contribuição ao PIS e da Cofins em suas próprias bases de cálculo.
A decisão também admite que a empresa faça a compensação dos valores indevidamente pagos, devidamente atualizados pela taxa Selic, respeitada a prescrição quinquenal.
Segundo Rômulo Coutinho, sócio do Balera, Berbel e Mitne Advogados, que atuou no caso, trata-se de uma das teses-filhote da decisão do Supremo Tribunal Federal que foi classificada como “tese do século”.
Em 2017, o STF definiu que ICMS não integra base de cálculo do PIS e da Cofins. E em 2021, modulou a decisão, para que seus efeitos só sejam aplicados a partir de efeitos a partir de 15 de março de 2017.
A decisão da Justiça Federal de São Paulo aponta que esse entendimento do STF “também deve ser aplicado em relação à inclusão da contribuição ao PIS e da Cofins em suas próprias bases de cálculo, já que a fundamentação adotada se aplica inteiramente”.
“A decisão também se revela importante quando afirma que o conceito de receita bruta/faturamento foi definido pelo Supremo à luz da Constituição Federal. Nessa premissa, a sentença deixou claro que a legislação infraconstitucional, como é o caso da Lei 12.973/2014, não pode alterar tal conceito prevendo que a receita bruta compreende também os tributos sobre ela incidentes”, afirma Rômulo Coutinho.
Clique aqui para ler a decisão
Processo 5021643-39.2020.4.03.6100
Refis vai incluir dívidas pré-pandemia
O novo Refis (parcelamento de débitos tributários) preparado pelo Congresso vai abarcar também dívidas anteriores à pandemia da covid-19 e permitir o aproveitamento pelas empresas do prejuízo fiscal como crédito para abater o valor a pagar de impostos acumulados (crédito de prejuízo) em anos anteriores. As duas medidas serão incluídas no projeto em tramitação no Senado, segundo antecipou ao 'Estadão' o relator e líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE).
O projeto, incluído no fatiamento da reforma tributária, também facilitará as condições da negociação direta entre os devedores e o governo para a solução de conflitos fiscais - chamada tecnicamente de transação tributária. O parecer vai elevar de 50% para até 70% o desconto do valor total da dívida nessa modalidade. A medida permitirá descontos de até 100% sobre multas; já juros e encargos terão abatimento de até 70%. As empresas que optarem pelo instrumento também poderão aproveitar o crédito do prejuízo fiscal.
O valor que o governo deve abrir mão da arrecadação com uma nova rodada do Refis vai depender das condições do novo programa e do nível de adesão das empresas.
Para aceitar o Refis, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer vincular a habilitação ao programa à redução do faturamento durante a pandemia. A ideia é que a empresa que tiver tido uma queda superior a 15% possa aderir ao Refis. As condições serão mais favoráveis à medida que o tombo no faturamento for maior.
O pagamento da parcela à vista, que é exigida, vai oscilar de 20% a 2,5%, conforme o tamanho da queda do faturamento. Quem estiver em situação pior vai pagar uma parcela à vista menor. As empresas com maior dificuldade também poderão aproveitar um porcentual maior de crédito do prejuízo fiscal para quitar a dívida. "Muitas empresas têm prejuízos fiscais acumulados, que elas não usam ou vão usando de forma pequena. Agora, esse será um instrumento poderoso para ter uma redução ainda maior daquilo que elas vão pagar", explicou Bezerra.
Guedes aceitou mais um programa de parcelamento para que as empresas possam limpar o passado, o que ele chama de "passaporte tributário" para o futuro de crescimento. "Dá desconto de 70%, o cara paga", disse Guedes na semana passada.
TCU
Para reforçar as condições do Refis, o Senado deve pedir ainda esta semana o reexame de entendimento de acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determina que a perda de receita que o governo abrirá mão com desconto de multas, juros e encargos seja compensada com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Para a transação tributária, diz o relator, o TCU já consolidou entendimento de que não há renúncia a ser compensada porque esse é um crédito de difícil recuperação. Segundo Bezerra, a consultoria do Senado tem parecer que contesta a necessidade da compensação também para o Refis. Com base nessa manifestação da consultoria legislativa, o Senado vai pedir ao TCU uma releitura do entendimento de 2019.
Resistências
Na Câmara e também no Senado, há resistências em vincular o Refis às empresas que perderam faturamento com a pandemia, como quer Paulo Guedes. A Economia também quer restringir o programa às empresas, sem alcançar as pessoas físicas.
Parlamentares pressionam para que o Refis seja amplo, aberto a todas as empresas e também às pessoas físicas. Esse ponto ainda não está fechado, admite Bezerra.
"Não existe empresa meio grávida. Todas as empresas, com raríssimas exceções, estão com problemas ", diz Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).
O presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, disse que prefere como socorro o financiamento de baixo custo das empresas do que programas de Refis, mas ressaltou que neste momento da pandemia discriminar as empresas não é bom. "Como vai diferenciar A de B. O Refis tem de ser amplo."
Os parlamentares querem aprovar no mesmo projeto um Refis também para as empresas que pagam pelo Simples, sistema simplificado de tributação para as micro e pequenas empresas. O time do ministro Guedes, porém, quer fazer o Refis do Simples em projeto separado, segundo Bezerra.
Entre os tributaristas que acompanham de perto a evolução das negociações do novo Refis, a percepção é de que Guedes aceitou melhorar as condições da transação para desestimular o Refis. Tradicionalmente, a equipe econômica é refratária à edição de Refis sucessivos porque entende que eles estimulam a existência do contribuinte "devedor contumaz", que adere ao programa para conseguir a certidão negativa de débitos e depois volta a deixar de pagar.
Para o tributarista Luiz Bichara, o aproveitamento do crédito do prejuízo fiscal será muito importante. Hoje, está limitado a 30% por ano. "Enquanto o efeito da crise vem de uma vez, a recuperação tem de se dar com essa trava imposta pelo Fisco."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Reforma tributária não terá grande novidade, não é o momento de reforma ampla, diz Guedes
Guedes decidiu propor uma reforma tributária de menor impacto, enxugando medidas que defende e promovendo uma redução mais tímida de alíquotas
Bernardo Caram
Brasília, DF
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (8) que a reforma tributária que será proposta pelo governo não terá grande novidade e será moderada. Depois de afirmar que gostaria de fazer uma reforma ampla, com desoneração da folha de salários, ele ponderou que agora não é o momento e que o governo fará o que é possível.
Em videoconferência com a Frente Parlamentar do Setor de Serviços, o ministro afirmou que a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), tributo sobre consumo já apresentado ao Congresso, deve ter uma alíquota especial –mais baixa– para os setores de serviços e comércio.
“Não vai ter grande novidade na reforma tributária, é uma reforma moderada. Eu gostaria de fazer um pouco mais ampla, inclusive com desoneração de folha, tudo isso. Não é o momento ainda, mas nós não vamos desistir, vamos fazer em fatias, gradualmente. Vamos fazer o que é possível agora”, afirmou.
O jornal Folha de S.Paulo mostrou no último sábado (4) que diante das resistências no governo e no Congresso ao imposto sobre transações, Guedes decidiu propor uma reforma tributária de menor impacto, enxugando medidas que defende e promovendo uma redução mais tímida de alíquotas.
No plano considerado ideal pelo ministro, o imposto aos moldes da extinta CPMF poderia ser usado para compensar a perda de receita com a redução de outros tributos. Sem a arrecadação anual de R$ 120 bilhões estimada para o novo imposto, a equipe econômica afirma que não será possível fazer a redução de encargos trabalhistas e outras reduções de alíquotas.
Também devem ficar de fora da proposta do governo um corte mais intenso no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e uma redução das alíquotas do Imposto de Renda da pessoa física. Sem a CPMF, o time de Guedes ainda afirma que terá de lidar com entraves na unificação de PIS e Cofins, já enviada ao Congresso, criando a CBS.
Como a desoneração da folha não deve ser implementada, o governo terá de criar uma segunda alíquota da CBS, que será baixa para reduzir o efeito negativo sobre setores específicos. O projeto original prevê cobrança única de 12%. “Estamos pensando em fazer duas alíquotas, uma para serviços e comércio, mais baixa, e outra para indústria, um pouco mais alta”, disse. “Enquanto não for possível essa compensação com a desoneração da folha para comércio e serviços, que é quem cria mais emprego e tem mais esses encargos trabalhistas, vamos tratar de forma diferente esses setores”.
As informações são da Folhapress
Deputados aprovam urgência para projeto sobre ISS em serviço de monitoramento de veículo de carga
A Câmara dos Deputados aprovou requerimento de urgência para o Projeto de Lei Complementar 191/15, do Senado, que torna explícito, na legislação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) a incidência do tributo sobre serviços de monitoramento e rastreamento de veículos e carga.
Reportagem - Eduardo Piovesan
Edição - Geórgia Moraes
Fonte: Agência Câmara de Notícias