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Para especialista, o mínimo é que a reserva financeira corresponda a seis meses de despesas da empresa, sempre dentro do planejamento de um ano





Duas em cada cinco pessoas que abrem uma empresa não sabem qual é o capital de giro necessário para o próprio empreendimento, segundo a última pesquisa "Causa Mortis – O sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros 5 anos de vida", do Sebrae paulista. A reserva é considerada indispensável para a sobrevivência de um negócio, mas é comum que seja confundida com fluxo de caixa ou mesmo esgotada ao ser usada para pagar despesas pessoais de sócios. 

 
 



Parte do planejamento prévio de um negócio, o capital de giro faz com que a empresa tenha condições de se manter em funcionamento diante de crises, de vendas menores por questões sazonais ou de inadimplência. O valor deve representar de 50% a 60% do total de ativos, um índice que varia de acordo com questões como a natureza da atividade ou a necessidade de estoque, conforme o Sebrae. Mesmo assim, a pesquisa do órgão, feita em 2014, mostra que 65% separam R$ 5 mil ou menos como reserva financeira. 



Um exemplo simples é o do comércio. O último trimestre do ano é o melhor em vendas para boa parte dos varejistas, mas é seguido por três meses em que os consumidores direcionam o salário para pagar impostos, viagens de férias e material escolar para os filhos. Por isso, o diretor financeiro no Brasil da empresa de soluções financeiras iZettle, Ricardo Sonoda, considera que o planejamento deve considerar no mínimo um ano para determinar o tamanho do capital de giro necessário. "Nas grandes empresas, é uma decisão estatutária, seja pela formação de estoque ou pela disponibilidade bancária", diz. "Na pequena, há maior velocidade de decisão e é preciso planejar os próximos 12 meses, para ir ajustando de tempos em tempos, com projeções de curto e médio prazos", completa. 



Para Sonoda, o mínimo é que a reserva financeira corresponda a seis meses de despesas da empresa, sempre dentro do planejamento de um ano. A composição depende do volume de vendas previsto, das compras, dos estoques e dos recursos em conta bancária, por exemplo, e é diferente do fluxo de caixa. "É possível ter capital de giro positivo e fluxo de caixa negativo, porque o giro contabiliza o valor do estoque e dos investimentos e o fluxo, despesas e receitas", diz.