"Dona

Dona da Orquidearia Ana Luiza Parrolas criou o serviço pioneiro de assinatura de orquídeasFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

O crescimento exponencial da tecnologia, da internet, da disseminação rápida das informações está trazendo um grande impacto em nossas vidas, na forma como vivemos e consumimos. Em razão disso, novos modelos de negócio vêm surgindo na era da digitalização. Com toda mudança que o mundo está passando e toda revolução tecnológica, de alguma maneira as pessoas estão achando soluções para resolver problemas da sociedade contemporânea para ganhar mais dinheiro e fugir do desemprego. Empreender então passa a ser uma alternativa. Mas como será que deve ser o empreendedor do futuro? Que tipo de habilidades e características serão necessárias?



Para o executivo de empreendedorismo do Cesar, Felipe Pessoa, no futuro as pessoas terão que empreender de uma forma ou de outra. “Estamos passando por uma série de modificações e transformações com a disseminação da economia digital. A ideia de ser um funcionário, permanecer na empresa e mudar de uma para outra está mudando”, explica Pessoa. O especialista ainda destaca que no futuro, os empreendedores vão ter que criar novas estruturas de negócio e explorá-las, colocar seu produto ou serviço no mercado e vender. Mas ressalta que rapidamente os produtos ou serviços vão se tornar velhos e o dono de negócio precisará de criatividade para iniciar um novo modelo.

Ele ainda explica que habilidades relativas a ideação são fundamentais para o empreendedor do futuro. Além disto, saber estruturar bem o negócio para, caso haja mercado, lançar novos produtos e serviços e ainda ter sensibilidade para entender o cliente e transformar as suas dores em soluções. Com a automatização, grandes empresas, indústrias e agências bancárias estão cortando seus quadros de funcionários. É a parte ‘negativa’ da tecnologia. No entanto da mesma forma que a tecnologia tira empregos com uma mão, ela devolve com a outra, pois com a chegada de novos produtos ou serviços será necessário uma nova mão de obra, novos desenvolvedores e mais especialização. Quem não tem qualificação, fica para trás.



Por isso, o empreendedor que quer continuar no mercado e futuramente crescer ainda mais é preciso ficar atento e desenvolver algumas características, como resiliência, flexibilidade, saber analisar dados, buscar conhecimento contínuo entre outras coisas. “Daqui há um tempo a forma como as pessoas vão vender e distribuir o produto será diferente. Os produtos mesmo que sejam iguais, vão passar por transformações na forma de comercializar e consumir”, detalha Pessoa.



Para a superintendente de Negócios e Inovação do Porto Digital, Mariana Pincovsky, novos modelos surgem para ‘quebrar’ os tradicionais. “O mundo passa por eras e a gente está vivendo uma era de transformação digital. Então as empresas precisam ficar atentas para que alguém hoje ou amanhã não crie um modelo e roube todo um mercado”, afirma. É que para ela, alguma empresa que está pensando em algum lugar do mundo pode prejudicar todo um mercado. “Com a transformação digital, a competição passa a ser global, alguém que ta pensando nos Estados Unidos ou em Israel quebra várias empresas rapidamente”, acrescenta.



Tecnologia

“O dono de negócio não precisa necessariamente entender de tecnologia, porque ele pode contratar alguém que entenda. “No entanto esse empreendedor precisa ter o mínimo de sensibilidade para entender que os modelos de negócio tradicionais estão fadados a morrer. Uma dica importante é usar a cultura empreendedora da startup que tem uma outra pegada. Então o dono de negócio pode absorver as habilidade e competências e inserir no empreendedorismo tradicional”, detalha Mariana.



Ainda de acordo com ela, muitos trabalhos mecânicos com baixa qualificação não irão mais existir, em razão de que o trabalho mecanizado poderá ser feito por robôs. “Ou seja, a saída é empreender. Mas com esse mindset vai quebrar. Precisa entender de tecnologia para não ficar para trás”.



A ordem é inovar sempre

O movimento de abrir uma empresa, investir dinheiro na compra dos insumos necessários para abrir um negócio, nem sempre será empreender. É que a ferramenta principal do empreendedorismo é o uso da inovação. Abrir um negócio já pré-estabelecido, como uma padaria, um salão de beleza ou uma loja de roupas não é inovar, afinal não é nenhuma novidade esse tipo de comércio. Isso seria empresariar, de acordo com Felipe Pessoa.



Diferente disso, o empreendedorismo procura criar um negócio novo, um serviço que ainda não exista. Que consiga ser disruptivo. “Replicar não é empreender, é preciso inovar na forma de consumir um produto ou serviço, mesmo que ele seja antigo. Tem que haver um diferencial”, explica. Foi assim que a dona da Orquidearia Ana Luiza Parrolas pensou e criou o serviço pioneiro de assinatura de orquídeas. O serviço funciona da seguinte forma: o cliente escolhe o tamanho das flores nobres e o tempo de vigência do plano que pode ser semestral ou anual. No entanto, todo mês há a substituição da flor por uma nova. “A orquídea tem a durabilidade de um mês que é justamente o seu ciclo máximo, florida, bonita; por isso a troca mensal”, explica. Os planos variam de R$ 189 até R$ 289, a depender do tipo da flor e tempo do plano.



O serviço inovador foi criado há cinco anos atrás e as vendas aconteciam por meio das redes sociais, como o Instagram e Whatsapp. “No começo não havia essa cultura das pessoas comprarem flores. A gente acompanhou a mudança desse hábito e observei a falta desse serviço”, explica Ana. “Não existe empreendedor que um dia vai dizer que ‘chegou lá’. A gente precisa sempre de novidades e estar com novas referências e inovando no mercado”, destaca a empreendedora que tem planos para abrir em 2020 um e-commerce. Para ela, o empreendedor tanto dos dias atuais como o dono de negócio do futuro não podem ter medo de testar coisas novas. “O grande diferencial é levar o produto ou serviço para o mercado e testar a ideia. A partir disto você pode adaptar e moldar o modelo ideal”, detalha.



É assim que também pensa o gerente do laboratório de estratégias do Sebrae, Thiago Suruagy. “Há tempos atrás em um ambiente de concorrência não muito grande era mais fácil ‘imitar’ um modelo de negócio. Com o ambiente digital a concorrência é global, por isso a razão de ter que estar em constante inovação”, destaca. Além disto, no empreendedorismo, novas práticas de fazer negócio também são necessárias. “Não dá para passar muito tempo planejando e só depois colocar a ideia no mercado. É preciso fazer testes e a partir disso, o cliente vai dar feedbacks e o dono de negócio terá insights para seu negócio”, acrescenta. Com essa lógica de interagir com o cliente, o dono de negócio, seja de hoje ou de amanhã, conseguirá identificar necessidades, expectativas dos clientes e assim criar novas oportunidades de negócios inovadores.