Em ano eleitoral, empresários começam 2018 com agenda de reuniões junto a candidatos ao Palácio do Planalto para pressioná-los a adotar política que beneficie setor industrial. “Estamos levando para presidenciáveis a necessidade de aumentar investimentos e não focar apenas em consumo”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, durante anúncio do balanço de 2017 do segmento.

Apesar da indefinição dos concorrentes à Presidência, aposta é de crescimento de 5% a 10% este ano no Brasil e de 3% em Minas, depois de quatro anos amargando resultados negativos. Para tanto, o grupo defende a adoção de estratégia que conjugue estabilidade da inflação, regime de câmbio com baixa volatilidade e que aumente a competitividade e reforma tributária com garantia de desoneração fiscal, entre outros pontos.

“Faz quatro anos que estamos sendo comprimidos e o investimento é ponto-chave. Não é possível haver crescimento sem usar como ferramenta a reindustrialização”, destaca Marchesan. No ano passado, o faturamento do setor ficou em R$ 67,14 bilhões, uma queda de 2,9% em relação a 2016. Embora negativo, empresários comemoraram o crescimento das exportações a níveis de 2011 e 2012, ajudando a segurar o déficit.

O resultado reflete queda de 17,2% das importações de máquinas no Brasil no ano passado, que recuaram um total de US$ 12,77 bilhões. A retração inclui setores como petróleo e energia, logística e construção civil, agricultura e componentes para a indústrias de bens de capital. O desempenho negativo foi parcialmente compensado pelo crescimento de 16,6% das exportações, que chegaram a US$ 9,09 bilhões.

O consumo de máquinas e equipamentos é um termômetro dos investimentos das empresas nas linhas de produção e encolheu 19,3% em 2017, chegando a R$ 84,88 bilhões. O setor terminou o ano passado empregando 289,6 mil pessoas. A ocupação média por mês foi de 291 mil trabalhadores, o que corresponde a uma queda de 4,5% em relação a 2016.

Minas Gerais terminou o ano passado com queda de 6,2% no faturamento. Para este ano, a previsão é de crescimento de 3%. “Existe uma tendência de retomada. Há uma tendência em países em desenvolvimento de melhora em anos eleitorais. Ficamos na expectativa de investimento substancial”, disse o vice-presidente regional da Abimaq em Minas Gerais, Marcelos Luiz Moreira Veneroso.

Segundo a Abimaq, a utilização da capacidade instalada nas fábricas de máquinas chegou a 74,9% em dezembro, acima dos 67,1% de um ano atrás e dos 74,4% de novembro. Em Minas, esse percentual ficou em 70,6%.

Acelerando

A venda de veículos novos no Brasil cresceu 22,9% no resultado parcial de janeiro até o dia 29 em comparação com igual período de 2017, disse ontem o vice-presidente da Ford para a América do Sul e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb. Os números definitivos do primeiro mês de 2018 serão divulgados hoje, pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Segundo Golfarb, a projeção da Ford para 2018 é de crescimento de 15% do mercado, estimativa um pouco mais otimista que a da Anfavea, de 11,7%.