O que estamos fazendo dentro de nossas organizações para ajudar o nosso país a melhor no seu posicionamento no mercado internacional?

Não é novidade que o Brasil tem dificuldades para melhorar sua competitividade no mercado internacional. A boa nova é a percepção cada vez maior sobre como o “fator gestão” pode ajudar a superar isso.

Na mais recente pesquisa “Competitividade Brasil”, que compara o Brasil a 17 outros países de economia parecida, aparecemos na penúltima posição, à frente apenas da Argentina, atrás de países como PeruÍndia Colômbia e distante dos primeiros colocados, Coréia do SulCanadá Austrália.

O detalhe é que o estudo ranqueia os países em nove "fatores determinantes” para se obter competitividade. E é interessante notar que, enquanto alguns desses fatores são quase que exclusivamente dependentes de mudanças estruturais do nosso país e também da conjuntura mundial – como os quesitos “peso dos tributos” e “ambiente macroeconômico” –, há outros fatores que podem ser “enfrentados” com um melhor modelo de gestão nas empresas.

Por exemplo, o fator “Infraestrutura e logística”. É claro que temos sérios problemas de infraestrutura e de logística, que atrapalham os negócios no Brasil. Porém, é preciso pensar também que é possível minimizar parte dessas perdas melhorando, por exemplo, os processos logísticos das organizações, através de melhorias dos seus processos de conexão com os fornecedores e clientes.

Da mesma forma, o fator “educacional” é um problema para a nossa competitividade, considerando que nossa educação, de qualidade cada vez mais duvidosa, forma nossa força de trabalho. Porém, um modelo de gestão que invista realmente no aprendizado constante de todas as pessoas dentro das empresas também pode minimizar essa deficiência.

De forma similar, o quesito “inovação”, onde o Brasil se encontra numa posição média, depende de vários fatores gerais, como baixa integração entre empresas e centros de pesquisa e universidades, mas também pode ser fortemente influenciado pela gestão interna nas organizações (por exemplo, através de processos mais ágeis e flexíveis de desenvolvimento de novos produtos e negócios).

Claro que a competitividade de uma nação é fruto de uma série de fatores estruturais. Porém, é preciso também ter consciência de que a gestão das empresas pode fazer com que algumas, apesar do ambiente desfavorável do país, tenham maior sucesso que outras e sejam competitivas no cenário internacional.

Assim, além de exigirmos e lutarmos por mudanças estruturais no país, que são inadiáveis, é necessário também fazermos a “lição de casa”. Ou seja, analisar os processos das nossas empresas. E entender que processos bem desenhados vão gerar produtos e serviços com maior rapidez, com mais qualidade e com menores custos, aumentando naturalmente a nossa competitividade.

Façamos, então, todos uma reflexão: o que estamos fazendo dentro de nossas organizações para aumentarmos a nossa competitividade e, consequentemente, ajudarmos a melhorar o posicionamento do nosso país no mercado internacional? Essa resposta, se colocada em prática, pode ajudar a reposicionar o Brasil nas futuras pesquisas sobre o tema.

*Flávio Picchi é presidente do Lean Institute Brasil e Prof. Dr. da Unicamp