De acordo com o Sindiveg, fabricantes não teriam como absorver elevação da alíquota sobre insumos, o que seria repassado ao setor produtivo e, consequentemente, ao consumidor

07 de dezembro de 2020 às 10h45
Por Canal Rural

Diversos insumos importantes para a agropecuária passarão a ser tributados em 4,14% no estado de São Paulo, a partir de 1º de janeiro de 2021. Além disso, o ICMS sobre produtos vendidos para o Centro-Oeste, Norte, Norte e o estado do Espírito Santo será de 3,7%, contra 2,8% neste momento. Já para os insumos comercializados para o Sul e demais estados do Sudeste, a alíquota vai de 4,8% para 6,34%.

De acordo com estudo encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e enviado com exclusividade ao Canal Rural, a indústria de defensivos passará a recolher R$ 50 milhões a mais por ano, além de R$ 990 milhões que serão pagos no desembaraço aduaneiro da importação, com a recuperação de crédito podendo ocorrer em até um ano depois do desembolso por parte da indústria.

“Não há mágica. O aumento de tributos implica elevação de custos para a indústria, que não terá como absorvê-lo e terá que repassar ao produtor rural que, por sua vez, terá que repassar ao consumidor final, provocando aumento do preço dos alimentos”, afirma a diretora executiva do Sindiveg, Eliane Kay.

Eliane diz também que o agricultor será afetado diretamente pela redução de crédito disponível no campo, já que as importações serão tributadas e isto afeta o caixa das indústrias do setor. “Como a indústria de defensivos é uma grande financiadora do produtor rural, este fato impactará todo o sistema”, pontua.

Duro golpe após setor tomar fôlego

A decisão do governo de São Paulo de retomar a cobrança de ICMS sobre insumos agropecuários pegou o setor produtivo em meio a um “respiro”. No fim de outubro, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) havia estendido a validade do Convênio 100, que reduz a alíquota de ICMS sobre insumos em até 60%, para 31 de março de 2021.

“O Sindiveg vem defendendo a isenção de tributos para os defensivos agrícolas há mais de duas décadas, por entender que esta condição reduz o custo dos insumos usados pelo produtor rural na produção de alimentos e, consequentemente, contribui para a segurança alimentar da população”, diz a entidade, em nota.

Segundo a diretora executiva do sindicato, a alta de qualquer imposto sobre a cadeia produtiva do agronegócio majora o custo de produção e tende a reduzir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, prejudicando também o mercado interno.

Justificativa do governo para o aumento de impostos

Em nota, a Secretaria de Fazenda de São Paulo afirma que a lei 17.293 de 2020 promoveu a redução linear de 20% nos benefícios fiscais concedidos a alguns setores.

“O objetivo do ajuste fiscal – promovido pelo governo e aprovado pela Assembleia Legislativa em outubro – é proporcionar ao estado recursos suficientes para fazer frente às perdas causadas pela pandemia e manter suas obrigações em áreas essenciais à população como educação, saúde, segurança pública e assistência social, entre outras”, diz.

Segundo a pasta, o governo é aberto ao diálogo e tem se reunido com diversos setores econômicos que desfrutam de benefícios fiscais e querem discutir a nova situação.