Em artigo, Sundar Pichai argumenta que não tem dúvidas sobre a necessidade da regulação, mas que é preciso definir uma abordagem apropriada
Presidente-executivo do Google, Sundar Pichai, ao lado do Sycamore, chip de computação quântica da empresa. Tecnologia deve ter grandes impactos na inteligência artificial nos próximos anos. — Foto: Reuters via Google
O presidente do Google, Sundar Pichai, afirmou que é "não tem dúvidas" que a inteligência artificial (IA) precisa ser regulada. "É muito importante para não ser. A única questão é como abordar isso", afirmou.
A reflexão do executivo, que também assumiu recentemente o comando da Alphabet, companhia-mãe do Google, foi divulgada em um artigo opinativo publicado no jornal britânico "Financial Times", nesta segunda-feira (20).
Para o Google é essencial participar desse debate, já que a empresa tem algoritmos e inteligência artificial como a base do funcionamento da maioria de seus produtos, da busca e venda de anúncios até a criação de supercomputadores com alta capacidade de processamento.
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Pichai citou alguns exemplos de boas aplicações da inteligência artificial do Google e — como uma pesquisa, publicada na revista "Nature" que aponta como modelos de IA ajudam a localizar câncer de mama com maior precisão, ou ajudam a prever chuvas de maneira mais rápida e eficaz do que os modelos atuais.
Mas o executivo também apontou para o outro lado da moeda: como tecnologias solucionaram alguns problemas ao mesmo tempo que causaram outros. Ele citou a internet, que permitiu que pessoas pudessem se conectar e conseguir informação em qualquer lugar do planeta, enquanto ajudou a espalhar desinformação mais facilmente.
"Existem preocupações reais sobre as consequências negativas da IA, de deepfakes aos nefastos usos do reconhecimento facial", escreveu Pichai. "Embora já existam alguns trabalhos para atender essas preocupações, inevitavelmente haverá mais desafios que nenhuma empresa ou indústria pode solucionar sozinha".
Ele afirmou ainda que o Google pretende "ser um parceiro para os reguladores conforme eles tenham que lidar com as tensões inevitáveis" da regulação da tecnologia. "Nós oferecemos nosso conhecimento, experiência e ferramentas conforme navegamos essas questões juntos", disse ainda.
O executivo citou ainda um conjunto de princípios que o Google publicou em 2018 como base para lidar com inteligência artificial. Reiterou que os governos desempenham um papel fundamental nas regulações e que existem leis que podem servir de base, como o GDPR, conjunto de leis europeias que estabelece diretrizes para uso de dados pessoais.
"A regulação pode prover um guia amplo enquanto permite implementação apropriada em diferentes setores. Para alguns usos de IA, como dispositivos médicos […], o que existe agora é um ponto de partida. Para novas áreas como carros autônomos, governos terão que estabelecer novas regras apropriadas que considerem todos os custos e benefícios relevantes".
Por G1