Bogotá, 28 abr (EFE).- Milhares de colombianos foram às ruas do país nesta quarta-feira para protestar contra a reforma tributária apresentada pelo governo do presidente Iván Duque.
Na maioria das manifestações, convocadas por centrais sindicais, não houve distúrbios, exceto na cidade de Cali, onde houve confrontos e saques.
Os protestos exigem que o Congresso impeça uma reforma tributária que atingiria especialmente a classe média por meio de novos impostos.
O projeto do governo visa ampliar a base tributária cobrando imposto de renda a partir do ano fiscal de 2022 para aqueles que ganham mais de 2,4 milhões de pesos por mês (cerca de US$ 663), e em 2023 para aqueles que ganham mais de 1,7 milhão de pesos (cerca de US$ 470).
A proposta também contempla a cobrança de IVA (imposto sobre valor agregado), que é de 19%, sobre as tarifas de energia pública, água e esgoto e serviços de gás residencial para os mais ricos, o que gerou uma ampla rejeição nacional.
Moradores de várias cidades que preferiram não se aglomerar devido à pandemia de covid-19 também participaram das manifestações nas janelas de suas casas ou apartamentos batendo panelas.
Em grandes cidades do país como a capital Bogotá, Cali, Barranquilla, Medellín e Bucaramanga, as avenidas principais ficaram cheias de manifestantes que, com bandeiras, faixas, cartazes e instrumentos musicais, manifestaram sua rejeição ao projeto de reforma tributária apresentado na semana passada no Congresso.
Os protestos aconteceram apesar dos pedidos das autoridades para que as pessoas evitem multidões por causa do risco de contrair a covid-19 em um momento em que o país está passando por uma terceira onda da pandemia.
Vários setores sociais comemoraram a multidão presente na mobilização, especialmente porque ontem à noite um tribunal colombiano ordenou como “medida cautelar provisória” o adiamento dos protestos até que “a imunidade de rebanho com vacinação” seja alcançada.
O presidente da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), Francisco Maltés, afirmou à Agência Efe que, “em meio a esta circunstância (a crise econômica causada pela pandemia), querem introduzir uma reforma tributária para agravar o sofrimento dos colombianos”.
DESORDEM EM CALI.
Embora os protestos tenham transcorrido pacificamente na maior parte do país, em Cali, capital do departamento de Valle del Cauca, a manifestação começou com a derrubada da estátua do fundador da cidade, o conquistador espanhol Sebastián de Belalcázar.
Índios misak chegaram de manhã a um morro no bairro La Arboleda e usaram cordas para derrubar a estátua de bronze fundido, instalada em um mirante e que é um dos símbolos da cidade.
O grupo acabou entrando em confronto com a polícia, e outros focos de enfrentamento se repetiram em diferentes áreas da cidade, com ataques a lojas e veículos de transporte público.
Os atos de vandalismo incluíram um incêndio no escritório da Diretoria de Impostos e Alfândegas Nacionais (DIAN).
As autoridades da cidade anunciaram que o toque de recolher, decretado devido à pandemia inicialmente para a partir das 20h, será antecipado hoje para as 13h e vai durar até as 5h do próximo domingo.