Apesar da inteligência artificial, quem lida com as flexibilidades das tomadas de decisões ainda é o ser humano. E sempre será
Assim como em um corpo humano todos os órgãos, veias, artérias, fluidos, porcentagens de vitaminas etc etc etc contribuem para um bom funcionamento do todo: o complexo corpo humano. Cada partícula em menor ou maior proporção seria, é e será importante para que todos os processos possam caminhar em harmonia, trazendo resultados, desempenho, performance esperada de um organismo vivo que respira, se nutre, trabalha, se reproduz etc.
Pois bem. O sociólogo ao observar a sociedade como um corpo repleto de microssistemas que agem, interagem para um bem comum percebeu que havia ali uma solidariedade orgânica, onde todos esses elementos foram se constituindo partes de um todo com foco em resultado: o corpo deveria funcionar. Assim, o sistema bancário é um órgão que contribui para um outro, a dos transportes, que sustenta a economia das empresas, que por sua vez tem o RH que seleciona funcionários que o financeiro paga os salários, todos esses indivíduos precisam comer, há outros órgãos que fomentam este emaranhado complexo que faz com que o grande corpo social (a sociedade) viva dentro a partir de um encadeamento de práticas que funcionamento do bem comum.
E por que não trazer esse conceito para nossa empresa? A cultura empresarial abarca cada partícula (por menor que seja) para que o todo, “o corpo humano” (sua loja), possa funcionar em harmonia, com coerência, tendo como objetivo um plano maior: A SUSTENTABILIDADE de todos. Pode parecer ingênuo, mas ao lidar com problemas cotidianos de falta de consciência da relevância de cada papel exercido dentro das empresas conseguimos observar ruídos que podem comprometer uma estrutura vital a médio e longo prazo.
E se a cultura muda é porque faz parte de um processo de transformação contínua, latente, vulnerável aos contextos em que estão inseridos. Precisamos olhar com a máxima atenção para essas mudanças como grandes oportunidades de aprendizado e testá-las (mesmo que em clima de uma versão beta) pode ser um caminho para passo maiores e mais sólidos com o novo espírito do tempo.
Dia desses entrei em uma empresa e havia duas portas de banheiro lado a lado. Qual era o masculino e o feminino? Os símbolos estavam nas duas portas. Ali eu entendi que aqueles gestores estavam mais preocupados em deixar seus funcionários à vontade com suas escolhas e menos resistentes às mudanças que o espírito do tempo nos sinaliza. Transformação não é mais uma escolha, é um caminho sem atalhos, onde pessoas mais sensíveis como estudiosos de antropologia, inovação, ux design podem auxiliar nessa nova trajetória em entender transições.
A inteligência é artificial, mas quem lida com as flexibilidades das tomadas de decisões ainda é o ser humano, e sempre será. Estude gente. Saiba lidar com gente. Aprenda com gente. A resposta está em você que é gente. Ouça mais, pergunte mais e converta aprendizados prosaicos em estratégias de negócios. Esqueça os best-sellers cheios de regras criadas em outros contextos. Olhe a sua volta, converse com sua gente e escute. Aprenda com elas, as pessoas. E se sentir dificuldade ou falta de tempo contrate profissionais que possam fazer essa ponte.
Hilaine Yaccoub é doutora em Antropologia do Consumo. Atua como palestrante e consultora, realizando estudos que promovem ligação entre o mercado consumidor, o conhecimento acadêmico e as empresas. Para seguir nas redes sociais: @hilaine