O Sebrae e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram um acordo ontem para ampliar e simplificar o acesso ao crédito para as micro e pequenas empresas do País.
As duas instituições estimam que, em dois anos, o banco de fomento libere R$ 6 bilhões para cerca de 280 mil negócios, sendo 150 mil microempreendedores individuais (MEIs), 90 mil microempresas e 40 mil empresas de pequeno porte.
O assessor da Presidência do Sebrae, Carlos Baião, explica que uma novidade do acordo é a parceria com as fintechs – startups de soluções financeiras. A partir dessa cooperação, o Sebrae e o BNDES esperam agilizar e simplificar o processo de análise de crédito das empresas para a concessão de empréstimo, por exemplo.
“Nós precisamos buscar novas tecnologias para desobstruir os canais de financiamento para as micro e pequenas empresas. Essas já passam por muitas dificuldades para acessar recursos via os grandes bancos”, diz.
“As fintechs podem contribuir nesse sentido. Essas empresas estão desenvolvendo modelos que permitem maior agilidade e menor custo no atendimento. Elas dominam tecnologias capazes de cruzar, com mais rapidez, as informações fiscais e tributárias das empresas, disponíveis em diversos órgãos federais, estaduais municipais, além da Serasa, Boa Vista, entre outros”, completa Baião.
O projeto piloto da parceria entre o BNDES e o Sebrae está previsto para ocorrer daqui a um mês, nas comunidades de Heliopólis e Paraisópolis, na cidade de São Paulo, junto com a Desenvolve SP, agência de fomento paulista. O objetivo é testar o novo modelo a partir do atendimento aos comerciantes das duas grandes favelas paulistanas.
“A meta é entregar o projeto piloto em 30 dias e testar se as fintechs vão conseguir baratear o custo da análise de crédito, o que temos quase certeza que sim”, considera Baião.
Durante o lançamento da parceria, o diretor de operações indiretas do BNDES, Ricardo Luiz de Sousa Ramos, detalhou que o banco lançou uma consulta pública para conhecer soluções tecnológicas de fintechs. Ele explicou que, além de buscar novas formas de simplificar o acesso ao crédito, a instituição busca serviços de educação financeira, matching de soluções financeiras e de leilões reversos.
“Temos criticado bastante o sistema de crédito no Brasil, principalmente a concentração no sistema financeiro no Brasil. Os bancos se tornaram grandes demais para atender os pequenos”, reforçou o diretor-presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, durante a assinatura do acordo.
Ação positiva
O assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina, considera que a nova medida tende a ser muito positiva para os pequenos negócios, com destaque para o comércio varejista, que contempla uma parcela relevante das micro e pequenas. “Essa medida propõe uma visão nova no acesso ao financiamento, estimulando que o crédito consiga chegar de forma mais fácil aos pequenos negócios”, comenta Pina.
Um levantamento do Sebrae mostrou que, em 2016, 83% das pequenas empresas não recorreram a empréstimos bancários, um número quase 10% maior do que em 2015. Os dados constam em pesquisa da instituição com 6.886 empreendedores de todo o País. Para 47% dos empresários, a redução nas taxas de juros seria a melhor solução para facilitar a aquisição de financiamentos. A diminuição da burocracia é apontada como sugestão para 27%.
Como alternativa aos bancos, a maioria dos pequenos negócios brasileiros negocia prazo de pagamento com fornecedores (52%), usa cheque pré-datado (27%) ou especial (20%) e o cartão de crédito empresarial (21%), destaca o levantamento do Sebrae.